Tuesday, October 02, 2007

A vítima das multinacionais



São poucas as vezes em que ficamos defronte a televisão e nos regosijamos com a notícia do dia. Há dias tive essa sorte e senti-me satisfeito quando através da media, fiquei sabendo que o CIP - Centro de Integridade Publica - confirmou uma das minhas posições em relação ao GCCC - Gabinete Central de Combate a Corrupção. Segundo os participantes de um seminário organizado pelo CIP, o GCCC não tem legitimidade suficiente para ostentar credibilidade desejável. Se isso for verdade estamos mal, ou por outra, não avançamos em termos de combate à corrupção. Foi em vão a cantiga do chefão sobre a guerra contra este mal.
Um artigo publicado pelo imensis.co.mz sobre o ranking da corrupção, da conta que "Moçambique posicionou-se na 111ª posição [...] com 2.8 pontos o que mostra que não houve melhorias na questão da corrupção e transparência no país visto que no `ranking´ de 2006 o país estava na 99ª posição."
Não faz muito tempo que o governo devolveu as pastas dentífricas de marca Colgate aos respectivos proprietários. Estes productos foram apreendidos em conexão com a suposta proliferação de outros ilegalmente semelhantes e nocivos a saúde segundo declarações de gente abalizada na matéria. Na altura da confiscação, pretendia-se analisar laboratorialmente a sua nocividade. Entretanto os resultados laboratoriais parecem ter provado que os agentes químicos nocivos encontravam-se em reduzidas quantidades, o que não constituiria perigo à saúde humana. Assim sendo, o governo decidiu devolver os productos aos comerciantes.
Uma questão a observar é que estamos a lidar com a Colgate - uma multinacional de grande poderio económico como qualquer outra. Por outro lado estamos a lidar com um governo reconhecidamente corrupto à nível mundial e que por ser verdade o actual chefe de Estado serviu-se disso na corrida eleitoral prometendo erradicar esse cancro. Ora bem, parece-me tão simples juntar estas duas peças para em seguida pensar que a Colgate tem a possibilidade de corromper o nosso governo. Que é que uma multinacional não faz para garantir a sua prosperidade? No mundo dos negócios não há muita ética como gostariamos que fosse; daí aquela máxima popular - o Dinheiro é Diabo.
Não me surpreenderia se o nosso governo cometesse um genocídio para acomodar os interesses de um punhado de gente. Imaginemos que os resultados dos exames laboratoriais feitos à pasta dentífrica da Colgate tenham sido viciados. O mínimo que poderia acontecer seria dizimar os consumidores desta marca sem importar a velocidade com que isso aconteceria. Na maior inocência, vamos perecendo por conta de infermidades estranhas, do mesmo jeito k pode estar a acontecer em relacao aos efeitos da MOZAL.
Até agora os Direitos Humanos são cobrados à apenas dois grupos: as entidades governamentais e aos grupos armados de guerrilha. Ainda está em debate se se começa a cobrar também às multinacionais, porque estas têm contribuído bastante para a violação dos direitos humanos.
Enfim, pela corrupção, uns enriquecem e os outros morem. Precisamos de mais instituições como o CIP e a Liga dos Direitos Humanos, que robustecem a sociedade civil moçambicana.

1 comment:

Anonymous said...

Torna-se estranho tal atitude sabendo que existem vários produtos fora de prazo nas prateleiras,e nada se faz.Infelizmente, não temos um governo impoluto,daí que suas atitudes são sempre olhadas com um pé atrás.O nosso governo só agiu desse modo porque se falava dessa possibilidade na imprensa estrangeira e não por iniciativa própria.É mais um caso de conversa para boi dormir.Em política os fins justificam os meios.